Cedo ou tarde

Devias saber
que é sempre tarde
que se nasce, que é
sempre cedo que se morre. E devias
saber também
que a nenhuma árvore
é lícito escolher
o ramo onde as aves
fazem ninho e as flores
procriam.

Albano Martins
Do livro Escrito a Vermelho, de 1999.

FLORES SEM NOME

Estou amando essas flores, sem lhes saber o nome
isso não é justo, nem sufuciente.

Sei-lhes o perfume,
vejo pequenas abelhas que as circundam
e delas se alimentam
sem lhes indagar sequer o nome.

Inominadas,
como apreendê-las no poema?

Delas guardarei no tempo
certa cor, certo aroma, certa forma,
como certas pessoas que por mim passaram
- inalcançáveis -
embora deixassem nos meus olhos
o mesmo inominado aroma.


Affonso Romano de Sant'Anna - do Livro: Textamentos

Marcha das Flores

MARCHA DAS FLORES
(Pedro Miranda/Teresa Cristina)

Eu já pedi a Deus do céu
que me mande uma flor
margarida ou açucena
se de mim tem pena
vem me dar amor

trago no peito um jardim abandonado
que teve flores arrancadas sempre em vão
e quando lembro do meu passado
sinto a saudade invadir meu coração

margarida já se foi
levou tudo o que era meu
violeta foi depois
e jamais se arrependeu
só a Maria que é sem vergonha
sempre que peço me dá um beijo seu.


Música do CD “sabe lá o que é isso?” do Cordão do Boitatá.

Jardins da Lua

JARDINS DA LUA
(Luciane Menezes)

Noite na tapera do alagado
Teço, bordo, um sono que não vem
Contigo levastes os meus sonhos
Fiquei sem presságios de um bem
Se em noite fria não voltares
Da janela espero o sol beijar estrelas
Canta a passarada, é luz do dia, céu azul
Em montaria pelo campo tanta flor,
Broto de jasmim, cravo, sorriso,
Dama da noite, margarida, monsenhor,
Lírio, beijo, dália, flor de espinho,
Açucena, onze horas,
Nada fica em meu caminho.


Música do CD “sabe lá o que é isso?” do Cordão do Boitatá

É Amarelo

É Cor-de-rosa

Um presentinho

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